OS BONS VENTOS
por Marcus Fabiano
Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
Álvaro de Campos, Ode Marítima
BÓREAS & NOTOS
a possante âncora deixa as fráguas
e de um cais de cantaria logo zarpa:
a grande vela o seu lençol desfralda
e no mirante um aceno chora a casa
no diamantino sonho das judiarias
uma aflição de ganho dos ministros:
guardados pelo dossel das oliveiras
sonham partidas de pimenta e seda
mais esmaltam brasões hereditários
quando é outro o agouro embarcado:
nas penhoras de arcanos e presságios
um limão no escorbuto do astrolábio.
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