A INÚTIL PEDRA POLIDA

por Marcus Fabiano

boca-vista-lateral

HOMO FABER
HOMO LOQUENS

no manejo livre
da mão sem trilha
a menor mandíbula
que diz ou mastiga

à flor da pele doída
outro dente de leite
rasgando a gengiva

e que fosse prazo
ou siso à sua guisa:
tempo – hemorragia
que é a própria vida

ou mesmo poesia:
a inútil pedra polida
amolando os sentidos
que a fala não afia.

. . . . 

BASF CHROME

de lamber o carretel
um cabeçote enguiça:
falha o mono/estéreo
no mais que se perde
ao se degravar a vida

e tudo engruvinhava
se lá no pleno cromo
da mastigação faminta
evisceravam-se bobinas
em festivais de tripas

aí eram os grunhidos
da menina possuída
ou um caubói baleado
enrolando a língua?

 

 

[in: ARAME FALADO, 2012]

.